De acordo com o estudo da University College London, publicada na última edição da revista especializada British Medical Journal, deixar de escovar os dentes, no mínimo duas vezes por dia, pode causar problemas à saúde, principalmente em cardíacos. Nos últimos oito anos, o estudo realizado na Escócia com 11 mil adultos confirmou as pesquisas anteriores que associavam doenças na gengiva a problemas cardíacos.
Já era de conhecimento que as inflamações bucais e gengivais têm papel de suma importância no entupimento de artérias, sendo este, um dos principais fatores que podem agravar às doenças cardíacas.
Pôde-se confirmar pela primeira vez, que a frequência da escovação influencia o risco de doenças cardíacas. Os integrantes da pesquisa forneceram informações sobre hábitos de higiene bucal, assim como se fumavam, praticavam alguma atividade física e se faziam visitas frequentes ao Cirurgião-Dentista.
A partir do histórico do estudo, foram coletadas amostras de sangue e relatório de doenças cardíacas familiares de cada paciente. No geral, seis em cada dez pessoas afirmaram escovar os dentes duas vezes por dia e fazer visitas de rotina ao Cirurgiã0-Dentista uma vez a cada semestre.
No decorrer de oito anos de pesquisa, foram registrados 555 “eventos cardiovasculares”, bem como infartes, dos quais 170 foram fatais. Enaltecendo os fatores que elevam o risco de doenças cardíacas como classe social, obesidade, tabagismo e histórico familiar, os estudiosos descobriram que aqueles que têm o hábito de realizar a escovação dos dentes duas vezes por dia correm menos riscos.
O coordenador do estudo da University College London, Richard Watt, afirma que “ainda são necessários mais estudos para verificar se a relação entre higiene oral e doenças cardiovasculares, se é causal ou meramente um marcador de risco”.
Assessor científico da Associação Dentária Britânica, Damien Walmsley, relata que ainda não está clara a existência da relação definitiva de causa e efeito entre higiene oral e doenças cardíacas.
“Qualquer que seja a posição verdadeira, pode-se dizer com certeza que se as pessoas escovarem os dentes duas vezes por dia com pasta de dente com flúor, visitar o Cirurgião-Dentista regularmente e restringir o consumo de doces à hora da refeição, vai ajudar muito a manter as gengivas e dentes em bom estado por toda a vida”, enfatiza Walmsley.
A diretora do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde da APCD, Helenice Biancalana, explica que essa relação é evidenciada especialmente pela invasão dos microrganismos periodontopatogênicos na corrente sanguínea por meio dos tecidos periodontais inflamados.
Mas ela ressalta que os mecanismos que ligam as doenças cardiovasculares e periodontal ainda não são totalmente esclarecidos. “As pesquisas têm sugerido que fatores genéticos e ambientais podem estar envolvidos nessa associação”.
Helenice Biancalana destaca que esse é um trabalho de alta relevância para a Saúde Coletiva, pois envolve a medicina e a Odontologia integradas no diagnóstico, além dos tratamentos de doenças sistêmicas e cardiovasculares.
“Vale ressaltar a importância da prevenção das doenças periodontais e a abordagem multiprofissional no tratamento das doenças sistêmicas, como alterações cardiovasculares, hepáticas, renais e outras, como diabetes, problemas vasculares etc. Além do aspecto comportamental como tabagismo, etilismo, estresse etc.” comenta a Diretora.
Ela acredita que ainda haja necessidade de estudos comprobatórios que assegurem a relação da associação entre as doenças periodontais e doenças cardiovasculares entre outras, “mas é de grande valor na prática odontológica que ao orientar o paciente sobre a melhora da saúde oral preservam-se as estruturas da boca, bem como a redução do risco de sofrer de doenças cardíacas”, afirma Biancalana.
Segundo Helenice, o valor da higienização bucal é supremo “confirmando a necessidade de orientar, aperfeiçoar, estimular e motivar continuadamente o paciente com o objetivo de promover saúde”, conclui.
Da APCD
Ortodontista e implantodontista – experiência de mais de 20 anos na área.